Nadezhda Tolokonnikova, uma das duas jovens detidas do grupo de punk russo Pussy Riot, disse acreditar que a sua vida está em perigo, num carta publicada hoje na Internet, na qual denuncia os “executores” do sistema penitenciário russo.
“Temo pela minha vida, porque não sei o que (…) os carrascos do sistema prisional da Mordóvia vão fazer comigo”, diz Nadezhda Tolokonnikova, mais conhecida por Nádia, numa carta enviada à sua advogada e publicada em vários sites críticos do regime moscovita.
Nádia está detida numa prisão da Mordóvia, uma região da Rússia que fica 600 quilómetros a leste de Moscovo, de onde escreveu a carta na sexta-feira, depois de ter retomado a greve de fome.
“Se encontrassem a Nádia hoje na rua, não a reconheceriam”, escreveu no seu blogue a advogada Violetta Volkova, que visitou a cantora na prisão e divulgou a carta.
A mesma advogada acrescentou que Nádia “não vai durar muito fisicamente, porque cada dia de greve de fome a mata”.
Nadejda Tolokonnikova entrou em greve de fome a 23 de setembro, para protestar contra as condições em que está detida, que descreveu como estando perto da "escravatura".
Tolokonnikova acusava o diretor adjunto da prisão, Iuri Kuprianov, de a ter ameaçado de morte após a publicação da sua carta sobre as condições de detenção, que fazem lembrar testemunhos sobre o Gulag soviético.
Essa greve de fome terminou a 01 de outubro, por motivos de saúde, tendo Nádia sido hospitalizada.
Na altura, foi-lhe dada a garantia de que seria transferida para outros estabelecimento prisional, mas a 17 de outubro foi novamente enviada para a prisão IK-14, onde diz ter sido ameaçada de morte, tendo recomeçado a greve de fome no dia 18.
Na carta, Nádia denuncia ter sido levada para a prisão IK-14 “por engano e de forma ilegal, com recurso ao uso de força física”.
“Exijo que a minha segurança seja garantida e que eu seja transferida para outra região. Na Mordóvia fazem coisas terríveis aos prisioneiros. Esmagam-nos, destroem-nos e destroem tudo o que há de humano dentro [de nós]. Transformam-nos em bestas enraivecidas”, escreve.
Acrescenta estar também preocupada com a vida dos outros prisioneiros, que lhe contaram “coisas terríveis”, dando como exemplo o caso de uma mulher que enviou uma carta para o Ministério Público e para a Comissão de Direitos Humanos e que, por causa disso, foi espancada e colocada numa cela de isolamento.
A antiga estudante de Filosofia e mãe de uma criança de cinco anos foi condenada em agosto de 2012, com outras duas integrantes do grupo "punk" Pussy Riot, a dois anos de prisão por um tribunal de Moscovo, por "vandalismo" e "incitamento ao ódio religioso”.
As jovens entraram encapuzadas em fevereiro de 2012 na catedral ortodoxa do Cristo Redentor, em Moscovo, e cantaram uma canção de protesto na qual pediam à Virgem para “perseguir” o Presidente russo, Vladimir Putin.
SV // MAG
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