O 'rapper' angolano MCK chegou hoje ao Brasil depois de ter sido impedido, na terça-feira, de sair de Angola, disse à Lusa o músico angolano acrescentando que ainda não recebeu qualquer explicação sobre a “interdição”.
“Ainda não me responderam à carta sobre a interdição de terça-feira. Fui tentar hoje no aeroporto de Luanda e saí”, disse à Lusa MCK logo após ter desembarcado no Rio de Janeiro.
Na terça-feira, MCK e um acompanhante preparavam-se para embarcar num voo entre Luanda e o Rio de Janeiro, para uma atuação que vai decorrer hoje no Festival Terra do Rap.
No aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, dois “oficiais que não se identificaram” disseram-lhe apenas que havia um “impedimento por ordens superiores” que não o permitia embarcar.
MCK constituiu advogado, que apresentou uma carta de reclamação aos Serviços de Migração e Estrangeiros de Angola e disse à Lusa que a “interdição sem qualquer sustentação jurídico-legal” foi levantada sem que tenha sido comunicada justificação.
“Sendo o Estado um Ente de bem e pessoa de boa-fé, até prova em contrário, aproveito para condenar publicamente o ato que foge das regras de interdição, a título de exercício abusivo do poder, manchando dessa forma o bom nome que se exige às instituições públicas”, refere o 'rapper' angolano.
MCK diz ainda estar convicto de que o levantamento da interdição é a “devolução” de um direito e “não um favor do regime angolano”.
“Estou firme na luta e combate ao abuso de direitos e pronto para exercitar a minha liberdade de consciência no exterior, nos mesmos termos que a exerço em Angola”, acrescenta o músico após ter chegado ao Brasil.
O 'rapper' de 34 anos, formado em Filosofia, é autor de poemas que contestam o regime angolano e do álbum “É Proibido Ouvir Isto”, tendo recentemente atuado em defesa dos ativistas políticos, detidos desde junho, e que estão a ser julgados em Luanda, acusados do crime de rebelião.
MCK atua esta noite no Festival Terra Rap, que consagra a edição deste ano aos países lusófonos.
Segundo os responsáveis pela organização, o impedimento imposto a MCK na terça-feira em Luanda tornou-se num assunto mediático no Brasil e marcou as sessões do festival que ainda decorrem e que têm abordado a questão dos presos políticos angolanos e a supressão das liberdades em Angola.
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