O preço para comprar um dólar nas ruas de Luanda registou uma forte quebra na última semana, acentuando uma tendência verificada desde os primeiros dias do ano, quando tocou em máximos de 500 kwanzas.
Segundo uma ronda feita ao início da manhã de hoje pela Lusa na capital angolana, cada nota de dólar estava a ser transacionada, em média, ligeiramente abaixo dos 470 kwanzas (2,64 euros), uma forte quebra no espaço de uma semana, apesar de persistirem limitações no acesso a divisas nos bancos.
Há precisamente uma semana, cada dólar era vendido a cerca de 490 kwanzas, mas as 'kinguilas' de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas, atividade ilegal, admitem agora que o preço continue em queda nos próximos dias, por ter aumentado a quantidade de divisas no mercado.
É que apesar dos preços especulativos, ainda três vezes acima da taxa de câmbio oficial, face às dificuldades na banca, o negócio de rua ainda é uma alternativa para nacionais e estrangeiros que necessitam de divisas.
A venda de cada dólar está hoje fixa nos 465 kwanzas no bairro do São Paulo (490 kwanzas na semana anterior) e nos 455 kwanzas no bairro dos Mártires de Kifangondo (485 kwanzas na anterior). Na Mutamba, a nota de dólar norte-americano é transacionada a 470 kwanzas (490 kwanzas na anterior), enquanto as 'kinguilas' do Maculusso a vendem a 480 kwanzas (490 na anterior).
Face à falta de dólares, estas taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos de 630 kwanzas em junho.
A inflação também se ressente desta conjuntura e os preços entre janeiro e dezembro de 2016 subiram 42%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística angolano.
O Banco Nacional de Angola (BNA) garantiu no início de dezembro que não prevê qualquer nova desvalorização do kwanza, face à "tendência de estabilidade" dos preços.
"Tendo em conta a tendência de estabilidade do nível geral dos preços e consequentemente a desaceleração da taxa de inflação mensal, o BNA reafirma o seu engajamento na preservação do valor da moeda nacional, razão pela qual não haverá desvalorização do kwanza", lê-se num documento do banco central angolano.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre deste ano.
A taxa de câmbio oficial cifra-se atualmente em cerca de 166 kwanzas (95 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.
"O BNA continuará a disponibilizar as divisas de forma regular ao câmbio de 165,8 kwanzas por um dólar dos Estados Unidos da América, não havendo necessidade dos operadores do mercado alterarem os preços dos bens e serviços", garantiu então o banco central, na última informação sobre matéria cambial.
Fonte: ANGOP
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