segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Luaty Beirão comovido com apoio internacional, mas mantém greve de fome

O activista angolano está em greve de fome há 34 dias, exigindo aguardar julgamento em liberdade por entender que, tal como os restantes 14 arguidos no mesmo processo, está detido ilegalmente, protesto que tem merecido forte mobilização internacional, reclamando a libertação de todos.

"Ele está bastante comovido com a solidariedade que chega de toda a parte. Não consegue ter a dimensão real destes movimentos todos, mas pelo pouco que tem fica bastante comovido e agradecido", disse à agência Lusa, à saída da clínica privada de Luanda onde Luaty Beirão está internado sob detenção, a sua esposa.

De acordo com Mónica Almeida, que à semelhança de pedidos que se têm multiplicado nos últimos dias também apelou publicamente ao marido para parar com a greve de fome face ao estado de saúde, o protesto será para continuar.

"Não, não. Ele fica comovido, mas não muda o pensamento, sente-se injustiçado", disse a esposa do 'rapper' angolano de 33 anos e que também tem nacionalidade portuguesa.

Além dos apelos públicos de várias organizações internacionais à libertação dos 15 activistas detidos desde Junho, também se têm multiplicado vigílias em países europeus, nomeadamente Portugal, alertando para o agravamento da situação de Luaty Beirão.

"O Luaty está a ter um bom acompanhamento médico, faz exames, mas o quadro não mudou. É estável, sem sabermos o que pode acontecer a seguir, a medicina não consegue prever", explicou ainda Mónica Almeida, alertada pelos médicos para a "gravidade" da situação clínica do marido.

Luaty Beirão insiste em aguardar julgamento em liberdade - como prevê a lei angolana para este tipo de crime -, alegando que os 90 dias de prisão preventiva se esgotaram a 20 de Setembro sem que se conheça um despacho fundamentado que justifique a necessidade da manutenção da prisão preventiva.

Os outros 14 jovens em prisão preventiva estão concentrados no hospital-prisão de São Paulo, também em Luanda, mas Luaty Beirão já expressou a vontade de regressar àquela unidade, para estar próximo dos restantes activistas.

Os advogados aguardam pelo resultado de um segundo ?habeas corpus' apresentado junto do Tribunal Supremo, alegando excesso de prisão preventiva e ilegalidades na detenção dos 15 activistas, e do recurso do indeferimento do primeiro para o Tribunal Constitucional angolano.

O julgamento foi entretanto marcado para entre 16 e 20 de Novembro, no Tribunal Provincial de Luanda.

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