terça-feira, 10 de novembro de 2015

Amnistia Internacional pede investigação a assassínio de três jovens pela polícia em Benguela

A Amnistia Internacional (AI) apelou hoje às autoridades angolanas para que investiguem de forma “meticulosa e imparcial” o assassínio, pela polícia, de três jovens, em Benguela, e que os responsáveis sejam levados à justiça.

Três homens, com idades entre 26 e 28 anos, foram mortos a tiro pela polícia, no bairro Viva a Paz, na cidade de Benguela, no final de Outubro, quando as autoridades policiais intervieram num alegado caso de disputa de terrenos.

“As autoridades angolanas devem lançar uma investigação meticulosa e imparcial à morte de três pessoas na província de Benguela e levar à justiça os suspeitos de serem responsáveis”, defende a organização não-governamental, num comunicado hoje divulgado.

De acordo com a AI, as três vítimas pertenciam a uma comunidade local e foram mortos numa situação de “tensão” com as autoridades locais, na sequência de “intimidação e força excessiva utilizada pela polícia contra os membros da comunidade, incluindo a destruição recente dos seus abrigos, tanques de água e pertences pessoais, após várias tentativas de os expulsar à força dos terrenos que ocupavam”.

A ONG refere que, segundo os membros da comunidade e organizações da sociedade civil local, a terra em causa tem sido utilizada pelas famílias desde o período colonial e estas entregaram recentemente pedidos para obter os documentos legais sobre o seu uso.

“A comunidade tem sido sujeita a intimidações e ataques da polícia, incluindo o uso excessivo de força em várias ocasiões. As autoridades angolanas realizaram despejos forçados numa escala alargada nos últimos anos”, diz a AI, na nota.

“A Amnistia Internacional apela às autoridades angolanas para que rapida e minuciosamente investiguem as alegações de assassínios e outras violações de direitos humanos e para que os suspeitos sejam levados à justiça”, defende.

Elementos da associação cívica angolana "Mãos Livres" vão representar as famílias dos três jovens, disse à Lusa o advogado David Mendes.

Segundo a versão oficial das autoridades policiais e do governo da província, a intervenção da polícia ficou a dever-se à ação de um grupo de cerca de 100 populares que tentavam construir numa área vedada, destinada a um mercado informal.

Os populares, na versão policial, reagiram com paus, catanas e o arremesso de pedras, levando os agentes a abrir fogo.

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