NOTÍCIAS MOZ: Espanha cobiça um lugar na indústria moçambicana do gás e do carvão

Um encontro entre empresários da Espanha e de Moçambique acabou por revelar, esta semana, a intenção daquele país de expandir as relações bilateriais de décadas aos campos do gás e minas de carvão. Moçambique mostra-se aberto a receber investimentos, mas o foco está na agricultura

Dezenas de empresários de Espanha reuniram-se com os homólogos nacio­nais no “Encontro Empresarial Espanha­-Moçambique”, com a perspectiva de encontrarem novos horizontes de coo­peração em diversas áreas de actividade. Todavia, o que acabou por sobressair da reunião foi a intenção, manifestada pe­los espanhóis, de aproveitarem os lon­gos anos de amizade e cooperação para concorrerem na exploração mineira mo­çambicana, designadamente na área do carvão e dos campos de gás.

“Se observarmos a tendência dos últi­mos anos, veremos que muitos países, mesmo os que antes não tinham qual­quer relação com Moçambique, torna­ram-se parceiros, atraídos pelos recursos minerais. Espanha é parceira de Moçam­bique há dezenas de anos; tratemos, en­tão, de aproveitar essa relação bilateral, através do reforço institucional ao nível da embaixada, câmara de comércio, etc.”, afirmou Antonio Hernando, director de Estratégia e Desenvolvimento Upstream de Gás Natural, uma organização espa­nhola.

Enquanto apresentava o tema “O gás, uma oportunidade para o desenvol­vimento de Moçambique”, Hernando aconselhou as empresas do seu país a posicionarem-se de forma estratégica no mercado moçambicano, para tornar os benefícios da sua eventual entrada neste mercado favoráveis a ambos os países. “Moçambique necessita de par­cerias estratégicas reais, de gente que seja comprometida com os objectivos e metas traçadas, que seja capaz de dar continuidade aos projectos. E nós temos de assegurar que isso seja efectivo”, aler­tou Antonio Hernando.

O embaixador espanhol, Santiago Miral­les, admitiu a intenção de envolvimento do seu país na exploração mineira, mas colocando maior ênfase nos corredores logísticos, isto é, infra-estruturas, trans­porte e energia, “que são indústrias do desenvolvimento do gás e do carvão”, e não necessariamente na extracção. As­sinalou ainda a existência de muitas áre­as por explorar ainda nas relações entre os países, em que Moçambique pode importar o know-how, aproveitando da melhor forma o forte crescimento que conhece nos últimos anos.

Parte considerável das cerca de trinta empresas daquele país que operam em Moçambique, e que estiveram presen­tes no encontro empresarial desta quar­ta-feira, labora no ramo da construção. A Espanha constitui, também, uma potên­cia no ramo da engenharia ferroviária.

O “Encontro Empresarial Espanha-Mo­çambique” contou com a presença de várias personalidades da área empresa­rial nacional.

Incentivos fiscais: O chamariz

O ministro da Indústria e Comércio, Armando Inroga, aproveitou a oportu­nidade para convidar os empresários de Espanha a empreenderem no país, aproveitando o quadro legal que ofere­ce benefícios fiscais a empreendimentos estrangeiros.

Entretanto, a preocupação do Governo é que os investidores estrangeiros apos­tem na agricultura, onde há grandes dé­fices. E é para lá que seguiu o convite de Inroga: “As excelentes relações diplomá­ticas e de cooperação entre Espanha e Moçambique são a plataforma que pro­picia oportunidades no sector agrário, pelo potencial que Moçambique tem de 36 milhões de terra arável e um baixo ín­dice de aproveitamento em agricultura comercial”.

Fonte: Opais online