É no Tribunal da cidade de Jinan, no leste da China, que deverá começar, na quinta-feira, o julgamento do líder comunista deposto, Bo Xilai. Acusado de corrupção, peculato e abuso de poder, ele enfrenta a pena de morte.
Uma dezena de apoiantes manifestaram-se, esta quarta-feira, frente ao edifício antes da polícia os dispersar. Eles não acreditam na justiça:
“Não espero nada desde julgamento. Acho que é um julgamento ilegal e não reconheço o veredicto que daí sair”, afirma um dos manifestantes.
Apelidado de “Príncipe Vermelho”, Bo Xilai, de 64 anos, ficou popular, na China, devido ao seu trabalho na província de Chongqing, no sudoeste do país, como secretário local do Partido Comunista. Na altura, a máfia local foi desmantelada e foram restaurados os programas sociais igualitários para a classe trabalhadora.
Representante da nova esquerda chinesa, desapontado pela reconciliação com a economia de mercado, não hesitou em contradizer a linha oficial. Para alguns o seu julgamento é essencialmente político.
John Garnaut, autor do livro “The rise and fall of House Bo” explica:
“Muito pouco deste caso é sobre corrupção em si. O que distinguia Bo era que ele estava realmente a agitar a cena política. Estava a desafiar o consenso ideológico. Ele ameaçava, apenas com as suas capacidades políticas e personalidade, ofuscar até mesmo Xi Jinping, o novo secretário do partido.”
É o escândalo da morte do britânico Neil Heywood, em novembro de 2011 que inicia a crise. O seu braço direito, ex-chefe de polícia, Wang Li Jun, refugia-se – já em 2012 – num consulado americano quando, alegadamente, descobre o envolvimento da mulher de Bo Xilai na morte do consultor britânico.
Wan Li Jun acaba acusado de cumplicidade e condenado a 15 anos de prisão. A mulher de Bo Xilai, Gu Kailai, a pena de morte suspensa.
Finalmente a justiça acusa Bo Xilai de escutas ilegais a altos dirigentes do partido, incluindo o ex-presidente Hu Jintao.
Depois de ser preso, na primavera de 2012, quando aspirava a concorrer ao secretariado do partido, não voltou a ser visto.
Este processo é tido como um dos mais importantes na China nas últimas três décadas.
EURONEWS
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