Com as 299 circunscrições escrutinadas, os resultados finais são:
- CDU/CSU (cristão-democratas): 41,5%
- SPD (social-democratas): 25,7%
- Die Linke (Esquerda): 8,6%
- Verdes: 8,4%
- FDP (Liberais): 4,8%
- AfD (eurocéticos): 4,7%
Angela Merkel vai, pois, continuar a governar a Alemanha. A CDU, partido da atual chanceler, é a grande vencedora das legislativas deste domingo. A CDU e o parceiro da Baviera CSU tiveram uma votação a rondar os 42%, tendo ficado muito próximos da maioria absoluta. Mas só nos próximos dias se vai saber se a CDU/CSU parte para o governo sozinha ou se procura um parceiro de coligação.
Isto porque os liberais do FDP, parceiros da CDU na atual coligação, são os grandes derrotados da noite: não conseguiram sequer os 5% necessários para se manterem no Bundestag, eles que tinham alcançado 14,6% nas eleições de 2009.
Quanto aos social-democratas de Peer Steinbrück tiveram um resultado apenas ligeiramente melhor do que o das últimas eleições, o que, na prática, se traduz pelo segundo pior desde a II Guerra Mundial.
Angela Merkel não escondeu a satisfação pelo resultado: “Meus amigos, este júbilo mostra que podemos estar felizes. Este resultado é fantástico. Queria agradecer a todos os eleitores que deram este fantástico resultado à CDU e que depositaram em nós esta grande confiança. Prometo honrá-la com confiança e responsabilidade. Muito obrigada.”
Angela Merkel, “Angie” para os amigos ou “mutti der Nation” (A mamã da nação), conseguiu guiar o país na crise financeira sem que esta se tenha feito sentir com a virulência que atingiu outros países e venceu as eleições graças à sua popularidade interfronteiriça.
23h31 – Reportagem na sede do SPD
Foi um “urra!” inesperado que se ouviu no edifício Willy Brandt, a sede do SPD, quando as primeiras projeções surgiram no ecrã. A excitação não se deveu aos resultados dos social-democratas, mas sim ao facto de os liberais do FDP não conseguirem voltar a sentar-se no Bundestag. Trinta anos depois da coligação com Helmut Schmidt, o FDP continua a não ser visto com bons olhos por uma grande parte dos social-democratas.
Os resultados do partido, esses, foram recebidos com um certo desapontamento. Um pouco melhores do que os alcançados nas últimas eleições, mas não o suficiente para festejar. Peer Steinbrück, o candidato do SPD e principal adversário de Merkel, afirmou: “Alcançámos um resultado melhor do que em 2009.” Um eufemismo, quando na prática se sabe que é apenas o segundo pior resultado do partido desde a II Guerra Mundial.
À primeira vista, o resultado do SPD parece colocar o partido numa boa posição para um governo de grande coligação. Mas olhando melhor, percebe-se que os democratas-cristãos ainda podem alcançar a maioria absoluta o que significa que Angela Merkel pode, eventualmente, governar sem os social-democratas.
Pouco a pouco, o silêncio começa a instalar-se no edifício Willy Brandt. Duas mulheres jovens falam entre si: “Merkel com maioria absoluta, isso é assustador”. A outra responde: “Quase espero que a AfD [os eurocéticos da Alternativa para a Alemanha] consiga entrar no parlamento. Pelo menos, evita-se a grande coligação.”
(Reportagem de Olaf Bruns, um dos enviados especiais da euronews a Berlim)
23h23 – Revista de imprensa
Os principais jornais alemães já fizeram as manchetes desta segunda-feira.
Eis aqui alguns exemplos:
- “A República Merkel” é o título da edição online do Speigel, que acrescenta: “Deutschland [Alemanha] é decididamente a Angela-Merkel-Land”
- “O triunfo pessoal de Merkel” é enfatizado pelo jornal de centro-esquerda, Süddeutsche Zeitung, pelo Die Welt e ainda pelo semanário Die Zeit. O Süddeutsche Zeitung fala mesmo de “Merkelismo”, após 8 anos no poder para a chanceler.
- O Bild qualifica Merkel de “mais potente do que nunca”.
22h47 – A maioria absoluta parece afastar-se de Angela Merkel. As projeções das duas principais televisões do país, ARD (realizadas pelo instituto Infratest dimap) e ZDF (que utiliza o instituto Forschungsgruppe Wahlen), recuam nas previsões da CDU, que não alcançará mais de 41,9% dos votos, o que lhe dará entre 296 e 301 assentos no Bundestag, tão perto e tão longe dos 304 necessário para a maioria absoluta. A formação da chanceler chegou a estar creditada de 42,5%.
Segundo as novas projeções, os votos repartir-se-ão desta forma:
- CDU/CSU: entre 41,7% e 41,9%
- SPD: entre 25,6% e 25,7%
- Die Linke (Esquerda): 8,5%
- Verdes: 8,4%
- AfD (eurocéticos):4,8%
- FDP: entre 4,7% e 4,8%
- Todos os restantes partidos: entre 5,9% e 6,3%
22h30 – O governo britânico também já reagiu à reeleição da chanceler alemã. Em comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros, Londres diz-se disposta a “trabalhar de maneira próxima” com Angela Merkel. “Enquanto parceira na Nato e na União Europeia, a Alemanha é um aliado importante” e “ a relação [entre Berlim e Londres] é crucial para a segurança e prosperidade de ambos os países”, pode ler-se no comunicado.
22h18 – Reportagem na sede da CDU
O ambiente está ao rubro na sede da CDU. No edifício Konrad Adenauer, em Berlim, centenas de apoiantes de Angela Merkel celebram a vitória com cerveja, vinho, salsichas e bretzels. De cada vez que as televisões mostram novas projeções de resultados a assistência exulta.
Quando Angela Merkel surgiu no palco por volta das 21h locais (menos uma em Lisboa) foi acolhida com euforia e a Juventude Cristã-Democrata conseguiu mesmo pô-la a dançar por momentos! O secretário-geral da CDU, Hermann Gröhe, quiz subir ao palco com uma bandeira alemã mas a chanceler tirou-lhe a bandeira das mãos e deu-a ao público. Segundo o camaramen da euronews, no local, Angela Merkel não é conhecida por ser uma pessoa festiva.
Dezenas de jornalistas do mundo inteiro estão na sede da CDU, com vários diretos para vários meios de comunicação e a noite promete ser longa.
(Reportagem de Lena Roche, uma das enviadas especiais da euronews a Berlim).
21h51 – O embaixador português em Berlim, Luís Almeida Sampaio, considerou hoje que o eleitorado alemão “sem surpresas, aposta na estabilidade e na continuidade”. O diplomata afirmou que os alemães mostraram que prezam “a previsibilidade e a estabilidade, o contrário da inquietação”. Luís Almeida Sampaio acrescentou que Portugal e os portugueses “estão cada vez mais ligados ao destino dos alemães” e afirmou que “a comunidade portuguesa só pode beneficiar com a estabilidade política e social”. (Lusa)
21h20 – Angela Merkel apresenta-se, novamente, na sede da CDU, onde o ambiente é, obviamente, de festa. Com um grande sorriso estampado no rosto, a chanceler bate palmas ao som da música enquanto os militantes e simpatizantes do partido gritam: “Angie, Angie”!
“Hoje vamos festejar e amanhã vamos voltar a trabalhar. E depois de amanhã… trabalhar, outra vez”, começou por dizer Angela Merkel, que acrescentou “temos uma grande responsabilidade e sabemos que temos de lidar com ela”. Foram apenas duas ou três frases, para comemorar a vitória. Uma aparição breve e muito aplaudida.
21h03 – O líder do FDP, Philipp Rösler, já assumiu a grande derrota do seu partido. “Este é, claramente, o pior resultado que o FDP jamais teve”, assumiu Rösler perante os militantes e simpatizantes liberais que, na sede do partido, não escondiam a desilusão. Em muitos rostos, escorriam mesmo lágrimas de tristeza. Com 14,6% dos votos, em 2009, os liberais não esperavam ficar fora do parlamento, mas tudo indica que é isso que vai acontecer, já que o partido está creditado com apenas 4,5% dos votos, menos do que os 5% necessários para ter assento no Bundestag.
20h48 – Angela Merkel sai igualmente vencedora de voto insólito, realizado no Instituto Goethe de Lisboa, reporta a agência noticiosa francesa AFP. Uma centena de portugueses foi convidada a simular um voto simbólico nas eleições alemães. A chanceler recolheu 40% dos votos, contra apenas 21% para o seu adversário social-democrata do SPD, Peer Steinbrück. Apesar das críticas de que Angela Merkel é regulamente alvo, por parte dos portugueses, uma boa parte dos convivas que se reuniram, amicalmente, na esplanada do Instituto Goethe, considera que a chanceler é a melhor solução para a Alemanha e para Portugal.
20h35 – As reações e as mensagens de parabéns a Angela Merkel começam a chegar de toda a Europa.
A primeira reação foi a do presidente francês, François Hollande (19h35).
Mas outras começaram a chegar. O presidente do Conselho Europeu já felicitou a chanceler pelo seu terceiro mandato. Herman Van Rompuy diz-se “ansioso de continuar a colaborar estreitamente com Angela Merkel”, e acrescenta: “Tenho confiança no facto de que a Alemanha, com o seu novo governo, manterá o compromisso e a contribuição para a construção de uma Europa pacífica e próspera, ao serviço de todos os cidadãos europeus.”
O comissário europeu para o Mercado Interno, o francês Michel Barnier desejou, por seu lado, “uma boa viagem europeia à Alemanha e ao seu povo nos próximos quatro anos e felicitou Angela Merkel “do fundo do coração” pela vitória eleitoral.
De Viena, na Áustria, também chegaram as felicitações do chanceler federal e líder do Partido Social-Democrata austríaco, Werner Faymann.
20h08 – Mais recentes projeções:
- CDU/CSU, cristão-democratas de Angela Merkel: 42,4%
- SPD, social-democratas de Peer Steinbrück: 26,4%
- Die Linke (Esquerda): 8,3%
- Verdes: 8,2%
- Alternativa para a Alemanha, eurocéticos: 4,9%
- FDP, liberais: 4,5%
19h35 – O presidente francês François Hollande já felicitou Angela Merkel pela vitória nas eleições alemãs e convida a chanceler a visitar Paris assim que o novo executivo esteja formado
19h06 – Algumas projeções alemãs indicam que a CDU de Angela Merkel poderá mesmo alcançar a maioria absoluta no Bundestag, devido ao sistema eleitoral misto (proporcional e direto).
A União Cristã-Democrata e os aliados bávaros da União Cristã-Social (CSU) poderão alcançar a maioria absoluta no Bundestag por entre 1 e 3 assentos, segundo as projeções dos media alemães, que se baseam sobre uma câmara baixa do Parlamento entre 606 e 598 assentos.
Devido ao sistema eleitoral misto, o número de assentos do Bundestag não é fixo, podendo aumentar em função dos chamados “mandatos excedentários”.
A confirmar-se, será a primeira vez desde Konrad Adenauer (1957) que um partido obterá maioria absoluta no Bundestag.
18h51 – Na sua primeira reação, Peer Steinbrück recorda os valores defendidos pelo seu partido, o SPD. Uma forma de mensagem enviada a Angela Merkel em como os liberais não abrirão mão das suas reinvindicações mais fortes, como a instituição de um salário mínino, por exemplo.
18h46 – Angela Merkel fala, pela primeira vez, desde os primeiros resultados. A chanceler promete honrar a confiança depositada no seu partido, que obteve um “super resultado”. Merkel promete ainda “mais 4 anos de sucesso”.
A CDU terá alcançado mais de 42,5% dos votos, o resultado mais forte desde 1990. Contudo, se se confirmar que os aliados liberais do FDP não alcançam os 5% necessários para terem assento no Bundestag, Angela Merkel terá a opção entre formar um governo minoritário ou negociar uma coligação com o SPD, com quem já governou entre 2005-2009. Negociações que podem durar meses e levar à formação de um governo um pouco mais à esquerda, onde a adoção de um salário mínimo nacional e um aumento dos impostos para os rendimentos mais elevados estarão, de novo, na ordem do dia.
18h18 – Os cerca de duzentos cidadãos alemães reunidos no instituto Goethe, em Lisboa, para acompanhar as primeiras projeções relativas às eleições na Alemanha revelaram contentamento face à queda do voto nos liberais e surpresa face ao resultado ddos eurocéticos, perto de entrar no Parlamento. A comunidade alemã em Portugal ronda os 25.000 cidadãos, na maioria residentes no Sul do país. (LUSA)
18h17 – Primeiras projeções oficiais:
- CDU: 42,3%;
- SPD: 26,3%;
- Die Linke (Esquerda):8,5%;
- Verdes: 8%;
- AfD (eurocéticos):4,8%; FDP:4,5%.
18h05 – Primeiras projeções:
- CDU: 42,5%;
- SPD 26,5%;
- Die Linke (a Esquerda): 8,5%;
- Verdes 8%;
- AfD (Alternativa para a Alemanha), eurocéticos: 4,8%;
- FDP (liberais): 4,5%.
Se os liberais do FDP, aliados dos conservadores, não conseguirem pelo menos 5% dos votos, não têm assento no parlamento e deixam a CDU de Angela Merkel numa posição difícil para formar governo. Os cristãos-democratas têm contado, durante a campanha, com os aliados liberais para a formação do governo.
Se se confirmar que o FDP não alcança os 5%, será a primeira vez, na História da Alemanha Federal, que os liberais não estarão representados no Bundestag.
17h56 – As projeções à boca das urnas dão 42% para a CDU, de Angela Merkel, e menos de 5% para os aliados liberais. Os grandes rivais do SPD terão 26,5% dos votos. Quanto à Alternativa para a Alemanha (AfD), um novo partido eurocético, terá ultrapassado a barreira crítica dos 5% dos votos no sistema de representação proporcional, o que lhe dá acesso aos assentos do Bundestag.
Contexto das eleições alemães
Mais de 61 milhões dos 82 milhões de alemães foram hoje chamados às urnas para elegerem os membros do 18.° Bundestag – a câmara baixa do Parlamento.
São os membros do parlamento que elegem, por sua vez, o chefe do governo alemão que, tudo indica, será novamente a chanceler alemã, Angela Merkel.
Candidata a um terceiro mandato, a CDU alemã, poderá ser a única força política, na Europa, a ser reeleita apesar da crise. Espanha, França, Itália ou Reino Unido viram operar-se uma mudança de executivo nos escrutínios que se seguiram ao início da crise financeira, que estoirou em 2008.
No entanto, tudo indica que, desta vez, os cristão-democratas de Angela Merkel e os seus aliados liberais não vão obter uma maioria absoluta, pelo que se desenham vários cenários de alianças possíveis.
A aliança mais provável será com os adversários social-democratas do SPD. Um governo CDU/SPD seria uma reedição do executivo alemão que governou entre 2005 e 2009, já com Angela Merkel como chanceler.
Embora mais improvável, a aliança entre os conservadores e os verdes é igualmente evocada.
Na Alemanha, cada eleitor tem direito a dois votos. Isto porque o país mistura os sistemas proporcional e direto. Assim sendo, cada eleitor usa um voto no partido e, com o outro, elege diretamente um membro do Bundestag, numa determina circunscrição.
Desta forma, dos 598 membros da câmara baixa do parlamento, 299 são eleitos diretamente nas respetivas circunscrições e os restantes 299 acedem ao cargo por via das listas do partido, no sistema proporcional.
As urnas abriram às 8h00 da manhã locais (menos uma hora em Lisboa) e encerram às 18h00. A meio do dia, a participação era de 41,4%, mais elevada do que os 36,1% registados à mesma hora, nas eleições de 2009.
Os analistas estimam que esta melhor participação poderá ser benéfica para os social-democratas de Peer Steinbrück, o grande adversário de Angela Merkel. Em 2009, terão sido os eleitores do SPD os menos motivados para irem às urnas.
EURONEWS
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